AstraZeneca protege idosos contra variante gama em alta concentração a partir da segunda dose, configurando eficácia de 93,6%
Na semana passada, um novo estudo da revista científica Nature Communications revela que duas doses da vacina AstraZeneca, produzida pela Fiocruz no Brasil, conferem alta proteção contra a variante Gama, em pessoas acima de 60 anos.
AstraZeneca protege idosos contra variante gama
Vacina AstraZeneca protege idosos contra variante gama, tendo como base São Paulo. Isso porque a pesquisa afirma que a segunda dose aumenta em torno de 30% a proteção contra a morte, em relação à primeira dose. Sendo assim, ela pode chegar a 93,6% de eficácia.
Como foi o estudo
O estudo foi conduzido por 20 pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Espanha. Denominado “Efetividade da vacina ChAdOx1” realizado em adultos mais velhos durante a circulação da variante Gama na capital paulista evidencia às autoridades de saúde a necessidade de buscar os idosos que ainda não completaram seu esquema vacinal.
Sob coordenação do pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul, Julio Croda, o estudo busca reunir dados mais consistentes sobre a eficácia da AstraZeneca na população idosa em países com alta concentração da Gama, variante identificada pela primeira vez em Manaus.
Portanto, o estado de São Paulo, o mais populoso do país, foi o escolhido. E que ainda enfrentou três ondas da epidemia, com mais de 3,89 milhões de casos e 130 mil mortes até 9 de julho. Além disso, durante a segunda e terceira ondas, a variante Gama aumentou sua circulação e chegou a uma prevalência de 80,2% entre março e maio deste ano.
Eficácia
Uma das justificativas para a pesquisa no Brasil envolvendo a Gama foi que ensaios clínicos anteriores em outros países já revelavam certa queda na efetividade da primeira dose das vacinas contra as novas variantes de preocupação (VOC na sigla em inglês).
De 137.744 indivíduos elegíveis para o estudo, 61.164 foram selecionados e submetidos a exame de RT-PCR no chamado teste negativo. Neste caso, parte de pacientes que testaram positivo para Covid-19 e os compara com pacientes que não testaram positivo.
28 dias após a primeira dose, o estudo identificou a eficácia de apenas 33,4% contra o coronavírus sintomático e 55,1% contra hospitalização. Porém, ela mostrou 61,8% contra a morte entre idosos. Já uma nova medição, 14 dias depois da segunda dose, a eficácia saltava para 77,9% contra a doença sintomática, 87,6% contra a hospitalização e 93,6% contra o óbito. O estudo diz também:
“A conclusão do esquema vacinal da vacina ChAdOx1 [AstraZeneca] confere proteção significativamente aumentada em relação a uma dose apenas contra a Covid-19 branda e grave em indivíduos idosos durante a ampla circulação da variante Gama.”
Variante Delta
Os resultados do novo estudo são consistentes com a efetividade reduzida da primeira dose da Pfizer e da AstraZeneca, no Reino Unidos com as novas variantes, pontua o texto:
“No contexto específico da emergência e disseminação de VOC, programas nacionais deveriam considerar a redução da efetividade da primeira dose contra as variantes de preocupação Gama e Delta nos idosos, junto com limitações de suprimentos de vacinas, velocidade da vacinação e logística ao quantificar os benefícios na estratégia de espaçamento das doses.”
Por fim, o pesquisador da Fiocruz observa que mesmo com o avanço da Delta, o imunizante da AstraZeneca parece permanecer efetivo.
“Se houvesse uma mudança, a gente ia verificar um aumento de casos e a aceleração dos óbitos. E não estamos observando isso até o momento. O Rio foi epicentro da Delta, e a tendência é de redução de hospitalização e morte. Acredito que as vacinas continuam funcionando para a Gama e a Delta.”
E concluiu:
“Ainda temos pouco tempo de circulação da Delta. Precisamos de mais dois ou três meses de predomínio dessa variante para fazer este mesmo tipo de avaliação.”
*Foto: Unsplash