Produção de veículos tem um cenário com falta de peças, caindo seu desempenho em 24,8%
O mês de outubro de 2021 foi marcado como pior dos últimos cinco anos para o setor de produção de veículos. Isso porque faltam componentes eletrônicos nas linhas de montagem. Ao todo, 177,9 mil unidades foram montadas, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, conforme balanço divulgado na segunda-feira (8), pela Anfavea, entidade que representa as montadoras. Desde outubro de 2016, não se via um volume tão baixo de produção para este mês. Na ocasião, foram fabricados 177,6 mil veículos.
Produção de veículos de outubro
Em comparação ao mês de 2020, a queda foi de 24,8%. Apesar de o resultado ser 2,6% superior ao de setembro, a atividade continua comprometida na indústria de veículos pela falta de peças. Esta teve o maior gargalo com a insuficiência de componentes eletrônicos, um problema global.
Fornecimento de componentes
Por outro lado, a associação reconhece as dificuldades no fornecimento de componentes eletrônicos e que devem se estender ao longo de todo o ano de 2022. No prognóstico anterior, a aposta era a normalização até começo de 2022. Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea:
“Estávamos considerando estabilização a partir do segundo semestre de 2022, porém temos uma atualização indicando que isto só deve acontecer em 2023. Portanto, 2022 continuará sendo um ano de grandes desafios na questão da entrega de semicondutores ao setor automotivo.”
A previsão se baseia no acompanhamento periódico da consultoria Boston Consulting Group (BCG). Agora, a estimativa é de mais de 5 milhões de unidades do total de veículos que deixarão de ser produzidos no mundo todo em 2022 por falta de componentes eletrônicos. Isso porque a regularização completa do abastecimento de semicondutores, item para as fábricas de carros, não deve ocorrer antes de 2023, conforme conclusão do estudo.
Crise no abastecimento
Entretanto, a crise no abastecimento piorou com a paralisação dos caminhoneiros na semana passada, ao dificultar a retirada de peças no porto de Santos. e isso levou a novas interrupções de produção nas montadoras num momento em que elas não conseguem recompor estoques, hoje suficientes para somente 17 dias de venda, com menos de 100 mil veículos nos pátios de concessionárias e fábricas.
Linhas de carros de passeio
As linhas de carros de passeio foram as mais afetadas pela escassez de componentes eletrônicos. E tiveram no mês passado o pior outubro em produção dos últimos 20 anos. Já as fábricas de caminhões foram prejudicadas por consumirem semicondutores em menor escala. Mas, por outro lado, conseguem administrar a situação com menos prejuízo. Prova disso é que neste ano a produção no segmento está sendo a maior desde 2013.
No acumulado desde janeiro, a diferença na produção em relação a 2020 é positiva. Houve alta de 16,7%, num total de 1,83 milhão de veículos produzidos. Mas a Anfavea não descarta a possibilidade de esse crescimento cair para a casa de um dígito até o final deste ano.
Venda de carros
Com falta de veículos nas concessionárias, acarretou outro problema: as vendas dos mesmos, que recuaram 24,5% em relação a outubro de 2020, para 162,3 mil unidades – também o menor resultado para o mês em cinco anos. E frente a setembro, as vendas subiram 4,7%. Porém, a base de comparação é fraca neste caso. Isso porque o mês anterior a outubro é o pior do ano até agora.
Entre janeiro e outubro deste ano, as vendas somaram 1,74 milhão de unidades. Uma alta de 9,5% no comparativo com 2020. Neste caso, o choque da chegada da pandemia entre os meses de abril e junho de 2020 foi pesado para o setor. Mesmo assim, a Anfavea adianta que esta diferença também deve ser reduzida até dezembro, com possibilidade de 2021 fechar no vermelho.
Exportações
Por outro lado, nas exportações, que somaram 29,8 mil veículos no mês passado, o balanço das montadoras mostra queda de 14,6% frente a outubro do ano passado. Ante o mês de setembro, teve aumento de 26,1% nos embarques. E no ano o total exportado chega a 306,8 mil, 26,8% acima dos dez primeiros meses de 2020.
Por fim, a Anfavea informa que a indústria de veículos fechou 410 vagas de trabalho em outubro, empregando no fim do mês 102,6 mil pessoas.
*Foto: Unsplash/Carlos Aranda