Projeções para a inflação são analisadas com pessimismo por analistas do mercado
Na segunda-feira (8), o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), revelou que as projeções para a inflação e crescimento do PIB pioraram. Em relação à inflação, o índice neste subiu pela 31.ª semana seguida e passou de 9,17% para 9,33%, mais de quatro pontos porcentuais acima do teto da meta (5,25%) para este ano. Porém, há um mês ele estava em 8,59%. E a estimativa para o índice em 2022 também continuou a subir, de 4,55% para 4,63%. Este é o 16.º aumento seguido.
Projeções para a inflação
Várias instituições pioram as estimativas para a inflação em 2021. E principalmente para 2022, onde pode haver uma deterioração da economia no Brasil. Isso em razão da perda de credibilidade da âncora fiscal por conta da tentativa do governo alterar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil.
Centro da meta
Por outro lado, o centro da meta da inflação para este ano é de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Já a meta para 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
CMN
Já a meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para atingi-la, o BC tem de elevar ou reduzir a taxa básica de juros da economia. Mas na hipótese de a meta de inflação ser descumprida, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, encaminhará uma “carta aberta” a Guedes, explicando os motivos para o estouro.
A última que isso aconteceu foi em janeiro de 2018. À época, ocorreu o descumprimento em outra direção, pois a inflação do ano anterior ficou abaixo do piso da meta. Na ocasião, o ex-presidente do BC, Ilan Goldfajn, justificou que o maior impacto para a inflação foi ter desabado em 2017 a queda dos alimentos em razão da safra recorde.
IPCA em 2023
No caso do IPCA 2023, a expectativa é continuar em 3,27%, e em 2024, passar de 3,07% para 3,10%. Contudo, a meta para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Já para 2024 o objetivo é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).
Copom
Em nota, o Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 9,5% em 2021, 4,1% em 2022 e 3,1% em 2023. O colegiado elevou a Selic, a taxa básica de juros, em 1,5 ponto porcentual, para 7,75% ao ano.
IGP-M
Além disso, o relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IGP-M (índice utilizado nos contratos de aluguel), que subiu de 18,28% para 18,40% no fim deste ano. Segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são muito afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado.
Após o Copom sinalizar na ata da sua reunião de outubro que o “plano de voo” é realizar novos aumentos de 1,5 ponto na Selic, os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a taxa básica da economia no fim de 2021 em 9,25%.
Entretanto, tal estimativa leva em conta um aumento de 1,5 ponto no último encontro do ano, em dezembro. Mês passado, a mediana foi de 8,25%. Já a projeção para o final de 2022 segue subindo, passando de 10,25% para 11,00%, ante 8,75% de um mês antes.
Taxa básica de juros da economia
Todavia, o panorama para a taxa básica de juros da economia também ficou mais alta nos anos seguintes. A estimativa do Focus para a Selic, no fim de 2023, passou de 7,25% para 7,50%, ante 6,50% há quatro semanas. E para 2024, passou de 6,75% para 7,00%, ante 6,50% de um mês atrás.
PIB
O relatório revelou nova deterioração no cenário de crescimento econômico do Brasil. Por fim, a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano teve leve redução, de 4,94% para 4,93%. Para 2022, a projeção de expansão recuou de 1,20% para 1,00%, ante 1,54% há quatro semanas.
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