Censo Escolar 2021 revela dados sobre profissionais da educação e ainda apontou maioria expressiva de mulheres em cargos de gestão
Divulgado no dia 31 de janeiro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os dados do Censo Escolar 2021 revelam o cenário brasileiro em relação aos professores e diretores das escolas de educação básica.
Censo Escolar 2021
Sendo assim, a primeira etapa da pesquisa do Cendo Escolar 2021 contabilizou 2,2 milhões de docentes e 162.796 profissionais em cargos de direção. Além disso, a maioria expressiva das pessoas que estão na posição de gestor escolar é de mulheres (80,7%) com formação superior (89,5%).
Formação continuada de diretores
Por outro lado, a pesquisa mostrou um desafio que diz respeito à formação continuada de diretores em gestão escolar. Neste caso, um em cada dez possui essa especialização.
Outro fator revelado na pesquisa se refere ao modo de acesso ao cargo de diretor. No caso das cidades, 66,4% desses profissionais são, exclusivamente, indicados pela gestão municipal. Já nos estados, esse percentual cai consideravelmente para 23,9%.
No entanto, 5,9% das pessoas que exercem cargo de direção passam por um processo seletivo qualificado e, depois, são escolhidas e nomeadas pela gestão do município, no caso das cidades. A mesma situação acontece com 13,7% dos profissionais, no caso das escolas estaduais.
Contudo, quando o acesso é via concurso público, existe uma proximidade nos números das escolas municipais e estaduais, com 7,4% e 7,8% dos gestores, respectivamente, assumindo o cargo após aprovação no certame.
As escolas estaduais possuem uma prevalência em relação às municipais quando a escolha é feita exclusivamente por processo eleitoral, com a participação da comunidade escolar. No caso dos estados, 36,3% dos diretores assumem o cargo por esse meio. Já nos municípios, 13,5% dos profissionais passam por esse tipo de processo para exercerem a função. Outros meios abrangem 2,8% das escolhas, no caso das escolas municipais, e 5,2%, das estaduais.
Adequação da formação
A partir de dados levantados no Censo Escolar, o Inep elabora o indicador de adequação da formação docente, por onde verifica a proporção de professores que têm determinada formação e quais disciplinas são lecionadas por esses profissionais. Com isso, constata-se a área em que o docente é formado, o tipo de formação e a matéria ministrada por ele. O objetivo é verificar o grau de relação entre a área do professor e a disciplina lecionada.
5 grupos
Em seguida, os docentes são divididos em 5 grupos:
- com licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma área em que dá aula;
- bacharelado na disciplina que ministra, mas sem licenciatura ou complemento pedagógico;
- licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) em disciplina diferente daquela que leciona;
- formado em área que não faz parte da grade disciplinar da escola;
- e sem formação superior.
Nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, foram revelados dados sobre os docentes que ministram as seguintes disciplinas: língua estrangeira, ensino religioso, geografia, história, ciências, artes, matemática, língua portuguesa e educação física. Do 1º ao 5º ano, uma configuração se repete na maioria das disciplinas: mais de 70% dos professores possuem licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma área em que dão aula. As exceções são os docentes de língua estrangeira e ensino religioso. Especificamente para os anos iniciais do ensino fundamental, a formação de licenciatura em pedagogia é aceita como adequada para todas as disciplinas, exceto língua estrangeira.
6º ao 9º ano
Do 6º ao 9º ano, o percentual de professores com licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma área em que dão aula é inferior ao observado nos anos iniciais para todas as disciplinas analisadas. Além disso, o pior cenário é observado para aqueles que ministram ensino religioso. Aqui, a maioria tem licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) em disciplina diferente da que leciona.
Ensino médio
Já em relação ao ensino médio, as disciplinas são as seguintes: sociologia, língua estrangeira, filosofia, física, artes, química, língua portuguesa, geografia, história, matemática, biologia e educação física. Nessa fase educacional, há um percentual menor de professores sem formação superior, em comparação às demais fases de ensino. Na maior parte das disciplinas, a predominância é de profissionais com licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma área em que dão aula. Isso não acontece apenas com os docentes de sociologia. Nesse caso, a maioria possui licenciatura (ou bacharelado com complementação pedagógica) em disciplina diferente da que leciona.
Sobre o Censo Escolar
O Censo Escolar é a principal pesquisa estatística da educação básica e é coornado pelo Inep e realizado, em parceria, entre as secretarias estaduais e municipais de Educação, com a participação de todas as escolas públicas e privadas do Brasil. O levantamento engloba as diferentes fases e modalidades da educação básica: ensino regular, educação especial, educação de jovens e adultos (EJA) e educação profissional.
As matrículas e os dados escolares coletados servem de base para o repasse de recursos do Governo Federal e para o planejamento e a divulgação de dados das avaliações feitas pelo Inep. O censo também é uma ferramenta importante para que os atores educacionais possam compreender a situação educacional do país, das unidades federativas e dos municípios, assim como das escolas, permitindo acompanhar a efetividade das políticas públicas.
Tal compreensão é proporcionada por meio de um conjunto amplo de indicadores que permitem monitorar o desenvolvimento da educação brasileira, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb), as taxas de rendimento e de fluxo escolar, a distorção idade-série, entre outros. Todos são calculados com base nos dados do Censo Escolar e parte deles servem de referência para as metas do Plano Nacional da Educação (PNE).
*Foto: Unsplash