Carboidratos refinados possuem fama de fazer mal à saúde, mas é necessário primeiro saber como eles são produzidos
Muito comum na mesa dos brasileiros, alimentos como açúcar e arroz branco são conhecidos como inimigos da saúde. Chamados de carboidratos refinados, também são conhecidos de carboidratos simples.
Carboidratos refinados
Entretanto, será que eles realmente fazem mal à saúde? Em primeiro lugar é necessário saber como eles são produzidos.
De acordo com Viviane Sahade, nutricionista, doutora em medicina e saúde e professora associada da Escola de Nutrição da UFBA (Universidade Federal da Bahia):
“O carboidrato refinado é um termo genérico geralmente usado para descrever carboidratos que tiveram a maior parte de seu valor nutricional removido durante o processo de fabricação.”
Formação de carboidratos refinados
Em suma, em seu formato natural e completo, as sementes de grãos ou grãos consistem em três partes:
- o farelo, que tem nutrientes importantes como fibras, minerais e vitaminas do complexo B;
- o germe, que contém carboidratos, gorduras, proteínas e minerais;
- o endosperma, a maior parte do amido.
Além disso, quando os grãos integrais do arroz são refinados em grãos brancos, o farelo e o germe são removidos durante o processamento, sobrando apenas o endosperma amiláceo, explica Sahade:
“O arroz branco é o exemplo mais comum de carboidrato refinado. Quando o arroz integral se mantém na sua forma natural, todo o grão é deixado intacto.”
Ela diz ainda que o consumo de um grão inteiro ou farinha de grão integral faz com que o carboidrato integral tenha todas as fibras, proteínas, vitaminas, minerais e gorduras nutritivas que esses alimentos têm para oferecer.
Por outro lado, ela explica que os grãos refinados sem farelo e germe perdem-se os nutrientes fornecidos pelo grão.
Açúcar
Já no caso do açúcar refinado, ele é uma extração industrial do açúcar natural. Com isso, o açúcar de mesa e xarope de milho rico em frutose são dois exemplos de açúcares refinados. Isso porque são alimentos baseados em açúcar refinado. Ou seja, são bastante calóricos e com alto teor glicêmico, e ainda são considerados calorias vazias.
Sendo assim, os carboidratos refinados são pouco nutritivos justamente por conta dessa perda que há das fibras e dos micronutrientes. Trata-se das vitaminas e os minerais, que ocorrem com a refinação.
Mal à saúde
Em contrapartida, o que não pode é o consumo em excesso. É o que explica a nutricionista preceptora do ambulatório do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Ela reforça que carboidratos refinados em excesso podem causar problemas de saúde, como obesidade, alterações metabólicas como resistência insulínica, aumento da glicemia e do triglicérides.
“Essas alterações, em conjunto, podem aumentar o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral e trombose.”
Absorção rápida é um perigo
Contudo, os carboidratos refinados são digeridos e absorvidos mais rapidamente, por serem pobres em fibras. Na visão da nutróloga Andrea Pereira, por terem um alto teor glicêmico, há mais liberação de insulina, que é o hormônio responsável por controlar a glicose no sangue.
“Com isso há uma menor saciedade e a pessoa pode ficar com fome mais rápido.”
*Foto: Unsplash