Empreendedorismo por necessidade de empresas cresce pelo segundo ano consecutivo, aponta levantamento do IBGE
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que revelam que a pandemia gerou um aumento do chamado empreendedorismo por necessidade no Brasil. Sendo assim, a pesquisa mostrou o número de empresas sem assalariados com um crescimento de 8,6%. Isso significa mais que o dobro do aumento registrado entre as empresas ativas no país.
Empreendedorismo por necessidade
Segundo dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre), o país encerrou 2020 com 5,434 milhões de empresas ativas. Isso é quase 194,8 mil a mais que em 2019, o que equivale a um aumento de 3,7%.
Por outro lado, o número de empregados assalariados caiu 1,8%, passando de 46,214 milhões para 45,389 milhões, o que corresponde a aproximadamente 825,2 mil postos de trabalho formal fechados no ano. O IBGE complementa:
“Na série histórica da pesquisa, foi a primeira vez que a queda no número de assalariados ocorreu simultaneamente a um aumento expressivo no número de empresas.”
Faixa de pessoal ocupado
Em relação ao número de empresas conforme a faixa de pessoal ocupado notou-se que o crescimento do número de empresas ocorreu apenas entre aquelas sem nenhum empregado – em todas as outras faixas houve queda no número de empresas ativas.
Sendo assim, diante desse cenário, o país passou a ter 7,307 milhões de empresários (sócios e proprietários), 301,8 mil a mais que o registrado em 2019, o que corresponde a um aumento de 4,3% no período.
Contudo, todos os ramos da atividade de economia registraram crescimento do número empresas sem funcionários. E o destaque foi para o segmento de eletricidade e gás, e saúde humana e serviços sociais, com alta de 29,1% e 14,2%, respectivamente.
Isso porque as empresas que tinham ao menos um funcionário tiveram queda em oito das 17 atividades econômicas. As mais impactadas pelo fechamento de empresas foram as atividades de artes, cultura, esporte e recreação, com queda de 10,6%, e de alojamento e alimentação, com recuo de 7%.
Mulheres foram mais afetadas
Todavia, o estudo revelou ainda que as mulheres foram mais afetadas que os homens no mercado de trabalho no primeiro ano de pandemia. Enquanto o número de homens ocupados assalariados caiu 0,9%, o de mulheres caiu 2,9%.
Do total de 825,3 mil postos de trabalho perdidos entre 2019 e 2020, quase 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres. Com isso, pela primeira vez desde 2009, houve queda na participação feminina no pessoal ocupado assalariado, de 44,8% em 2019 para 44,3% em 2020, o menor nível desde 2016.
O gerente da pesquisa afirmou que os setores da economia que historicamente empregam mais homens registraram aumento de pessoal em 2020, enquanto aqueles que ocupam mais mulheres se retraíram.
É o caso, por exemplo, da área de Educação, formado majoritariamente por mulheres (66,9% do total), que perdeu 1,6% do seu pessoal assalariado. Já na construção, setor em que 90,6% dos ocupados são homens, houve aumento de 4,3% no número de assalariados.
Por fim, o comércio, setor que concentra 19,0% das mulheres assalariadas, teve queda de 2,5% no total de pessoal ocupado assalariado. Porém, entre as mulheres assalariadas deste segmento, a queda foi maior: 3,2% contra 1,9% dos homens.
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