PIB pode crescer e início do novo governo deve ter ajustes econômicos, mas sem grandes rupturas, avaliam especialistas durante evento do Banco ABC
Apesar do novo governo a partir de janeiro de 2023, o Banco Central deve continuar com os juros mais altos para conter a inflação, dizem os especialistas em economia.
PIB pode crescer
Entretanto, mesmo diante dessa medida ajudar a frear a atividade econômica, a perspectiva é de que o Produto Interno Bruto (PIB) encerre o ano com resultado positivo. Tal cenário, juntamente ao panorama político em 2023, foram discutidos nesta semana, em Goiânia, durante evento promovido pelo Banco ABC Brasil.
Contudo, a atual polarização política que ocorre também fora do Brasil afeta o desempenho da economia, de acordo com o cientista político Ricardo Ribeiro:
“É normal que num período de transição o clima de incerteza ainda predomine, pois o novo governo ainda não está formado e os sinais ainda não são claros em relação à composição ministerial.”
Porém, é importante chegar a uma pacificação para retomar o crescimento.
Congresso
Ele identifica que isso pode ser possível uma vez que o Brasil tem um Congresso e poderes institucionais fortes. Ou seja, eles podem colocar o país na direção certa. Ribeira acredita ainda que o BC fez um bom movimento de antecipação de aumento das taxas de juros, que terá efeito sobre a inflação, mesmo diante da perspectiva de baixo crescimento do PIB.
Atuação do Banco Central
No caso do BC, ele deve seguir independente e cauteloso, em relação aos juros e à meta inflacionária. Segundo o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, tal atitude implicará em ambiente de juros ainda elevados, e com a Selic (taxa básica) indo dos atuais 13,75% para 10,25% no final do próximo ano.
“Este movimento é importante para desacelerar a inflação, que ainda está alta. Mantendo os juros neste nível, ela deve desacelerar para 4,8% ao ano.”
Economias globais
Contudo, quando comparados a outras economias globais, os juros brasileiros são atraentes para investimento de curto prazo, com tendência de apreciação da moeda brasileira. Daniel explica que ao juntar esses pontos há elementos para um cenário que não é catastrófico, como alguns podem prever.
Centro-direita
Por outro lado, o economista recorda que o Congresso está mais direcionado para centro-direita e fará oposição ao governo Lula. Portanto, medidas extremas não tendem a ser implementadas.
Por fim, o vice-presidente comercial do Banco ABC, Antonio Sanchez, afirmou que tais eventos, realizados desde o começo do processo eleitoral, buscam aproximar a instituição de atuais e potenciais clientes.
“Neste momento de incerteza e ansiedade, com o resultado das eleições e o cenário pós-eleições, promovemos um debate e entendimento, passando a visão do banco sobre cenários econômicos e o impacto nos próximos anos para que as empresas possam se planejar e ter mais horizonte de necessidades de proteção e ânimo para fazer investimentos.”
*Foto: Reprodução