Comunidades do campo integra pesquisa de extensão da Universidade
Com o propósito de ser uma universidade para todos, por meio da pesquisa e da extensão, a Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) se faz presente também nas comunidades do campo. E isso contribui para o desenvolvimento e valorização da identidade, cultura e modo de trabalho dessas pessoas.
Comunidades do campo
Além disso, ainda de acordo com a proposta de oferecer formação continuada para os docentes que atuam no campo, nasceu, em 2019, o Programa de Formação de Professores do Campo (Formacampo). Ele é coordenado pela professora Arlete Ramos, do Departamento de Ciências Humanas, Educação e Linguagem.
A ação tem atuado em diversos territórios de identidade baianos e, atualmente, abrange 187 municípios. Em parceria com a TV Undime Bahia, o Programa tem alcançado mais de 11 mil profissionais da educação do campo com atividades de formação, auxílio para elaboração dos Projetos Políticos Pedagógicos e na construção, reelaboração ou revisão das diretrizes municipais.
Características das comunidades do campo
Por outro lado, para Arlete, a educação precisa considerar as características próprias dessa realidade.
“A verdade é que, no campo, tem conhecimento, cultura, modos de produção de trabalhos diferentes. A educação deve vê-lo como um campo de possibilidades.”
Uma dessas profissionais assistidas é a professora Leidimar Domingues, que atua há 20 anos na Escola Municipal Joana Angélica, em Sebastião Laranjeiras, e teve a sua prática pedagógica fortalecida a partir do Formacampo.
“O curso proporcionou o entendimento de como desenvolver as ações coletivas baseadas no modo de vida e realidade da comunidade. Sendo assim, tornei-me mais ativa com relação à educação do campo.”
Cipam
Todavia, em Jequié, o Centro Interdisciplinar de Pesquisa Agroambiental (Cipam), idealizado pela professora aposentada Sônia Maria de Matos, foi criado para desenvolver ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida campesina. A iniciativa se alinha à perspectiva da sustentabilidade.
Nesse sentido, foram realizadas várias atividades nos distritos de Barra Avenida e Itajuru, buscando a emancipação cultural e econômica de mulheres por meio de cursos de culinária e artesanato. Contudo, o Centro estimulou ainda a formação de crianças, jovens e adultos por meio de oficinas de teatro, pintura, quintais produtivos, cursinho pré-vestibular, entre outros.
Vida profissional
Para Josinei Gonçalves, colaborador do Cipam durante a graduação em Pedagogia na Uesb, a experiência no Centro reverbera ainda hoje em sua vida profissional. Nascido em Barra Avenida, ele destaca a presença dessas ações no seu trabalho de gestão das escolas rurais do município de Ipiaú, onde consegue aplicar as metodologias aprendidas.
“O campo é tido como um espaço inferior, que não produz conhecimento. O Cipam veio para quebrar esse paradigma. A Uesb entrou na comunidade e me fez refletir sobre quem sou eu, de onde venho, de onde ecoa essa voz em defesa do meio ambiente, do campo, da educação pública. Hoje, eu levo isso para as comunidades onde atuo. Para isso, é muito importante o conhecimento prático que eu adquiri lá atrás com o Cipam.”
*Foto: Reprodução