Mercado brasileiro atual, segundo 84% dos empreendedores, o processo de captação tem demorado mais do que o esperado
Em suma, hoje, as startups já nascem sendo muito mais dinâmicas e flexíveis do que as companhias tradicionais. No entanto, em um cenário de mais riscos e incertezas, essas empresas precisam se adaptar com ainda mais rapidez às novas demandas e flutuações do mercado. Sendo assim, os fundadores estão ajustando as expectativas de arrecadação de fundos às condições atuais e aproximadamente 39% não estão captando recursos no momento atual.
Mercado brasileiro atual
A informação é da pesquisa Startup Founders Survey, da Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (Lavca). O estudo avaliou como mais de 160 empreendedores estão respondendo ao contexto macroeconômico ao considerar empresas que levantaram mais de US$ 1 milhão em capital de terceiros durante 2021 e o primeiro semestre de 2022. Do total, 84% afirma que o processo de captação de recursos está demorando mais do que o esperado, com empresas em estágio seed enfrentando mais desafios.
Eficiência operacional
Com investidores mais conservadores, a eficiência operacional tornou-se um foco importante dos negócios. A pesquisa revelou também que os fundadores da América Latina estão direcionando esforços para reestruturações internas da empresa e a construção de equipes mais enxutas. Além disso, estão renegociando contratos de fornecedores e reduzindo despesas com vendas e marketing. Vale destacar que o crescimento inorgânico por meio da aquisição de outras empresas não foi considerado um foco principal dos entrevistados.
A vez do early-stage
Apesar da divulgação do valuation seguir como algo sensível, 41% dos entrevistados revelaram que sua avaliação ultrapassou US$ 100 milhões na época do estudo. Já a maioria das companhias em estágio seed afirmou ter um valuation abaixo dos US$ 20 milhões. Enquanto isso, startups early-stage disseram variar em menos de US$ 20 milhões a mais de US$ 1 bilhão, com quase 80% abaixo dos US$ 300 milhões.
Estágio inicial
Aportes em estágio inicial seguem liderando o capital de risco no continente. Prova disso é que no estudo, 69% dos fundadores afirmaram que os investimentos levantados até o momento foram em estágio inicial, com rodadas seed e Série A, o que corresponde a 56% de todas as captações divulgadas, explica a Lavca:
“Embora apenas 23% dos entrevistados tenham levantado uma Série C ou além, o desenvolvimento de um ecossistema de capital de crescimento maduro desempenhará um papel importante nos próximos anos, à medida que as empresas em estágio inicial retornam ao mercado para apoiar suas trajetórias de crescimento.”
Além disso, negócios em estágio inicial também são os que apresentaram maior crescimento de receita. Quase dois terços de todas as startups entrevistadas registraram um salto de mais de 10% mês a mês, com 40% crescendo de 20% a 29,9%, e 33% crescendo de 10% a 19%. E nenhuma das empresas com valuation acima de US$ 300 milhões relatou crescimento de receita superior a 20% mês a mês.
Aquisição de talentos
O relatório da Lavca revela ainda que a busca de talentos se tornou algo global.
“Os fundadores de startups dedicaram uma parte significativa de seus investimentos ao crescimento de suas equipes dentro e fora da região.”
O número total de funcionários em tempo integral está altamente associado com o estágio de investimento da empresa.
Contudo, 39% dos 106 fundadores têm de 20% a 39% de seus funcionários localizados fora da América Latina. O estudo mostra que o trabalho híbrido veio para ficar. Porém, apenas 21% dos entrevistados esperam que sua força de trabalho aumente as operações remotas. Por fim, 39% não pretendem alterar a política atual nos próximos dois anos.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Ronald Carreño)