Mulheres na gastronomia precisam de incentivo, mas que bnão seja confundido com preconceito, salienta o responsável pelo Guia Michelin
O diretor internacional do Guia Michelin, Gwendal Poullennec, defendeu no fim de fevereiro que a presença de mulheres na gastronomia deve ser incentivada, sem que seja encarada como “um preconceito”, e ainda destacou que há cada vez mais protagonistas femininas no setor.
“[A falta de mulheres] é definitivamente uma realidade que reconhecemos plenamente, mas nem pensar que o guia vai distorcer as classificações para distinguir mulheres”, disse à Lusa Gwendal Poullennec, em Albufeira, onde ocorreu a noite de gala de apresentação do Guia Michelin 2024 para Portugal.
Além disso, o responsável mundial da publicação salientou que “há muitas mulheres, mesmo de nível três estrelas, a serem galardoadas com o prémio Michelin, o que não se deve ao facto de serem mulheres, mas sim ao seu talento”.
E disse ainda que é preciso incentivar a presença feminina na gastronomia, mas que isso não se torne um preconceito, “porque o importante é pôr em evidência o talento e a capacidade de o conseguir”, considerou.
Durante a cerimónia, e quando ainda não se conheciam os resultados, o ministro da Economia, António Costa Silva, disse que gostaria muito de ver uma mulher a ser distinguida com uma estrela Michelin, o que não ocorreu.
Novas distinções
Na edição de 2024, há uma nova distinção de duas estrelas, no restaurante Antiqvvm (chef Vítor Matos, Porto) e quatro novas primeiras estrelas para os restaurantes 2Monkeys (Vítor Matos e Francisco Quintas, Lisboa); Desarma (Octávio Freitas, Funchal); Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) e Sála (João Sá, Lisboa).
Mulheres na gastronomia
Todavia, o guia distinguiu, como ‘jovem chef’, Rita Magro (restaurante Blind, Porto), e há seis mulheres na gastronomia, nos 21 restaurantes recomendados pelo guia e duas entre os oito classificados como Bib Gourmand (boa relação qualidade/preço) deste ano.
Entre as mulheres, chefs de cozinha, que já trabalharam em restaurantes com estrelas Michelin e hoje trilham seu próprio caminho no Brasil, está Taiza Krueder. À frente de dois hotéis de luxo no interior de São Paulo, priorizando a sustentabilidade, Taiza também desenvolve outro projeto: o Clara in Casa, onde passa receitas com opções de entrada, pratos principais, saladas e sobremesas, incentivando outras mulheres.
“Há cada vez mais mulheres a entrar no setor, nem sempre ainda na posição de chef ou de proprietária, mas está a acontecer e vai mudar”, comentou Poullennec.
Falta de pessoal nos restaurantes
O diretor internacional referiu-se também à falta de pessoal para trabalhar nos restaurantes. E que isso afeta o setor em toda a Europa.
“Somos apenas uma parte do processo, mas o que fazemos é aumentar a sensibilização sobre a indústria – não é só sobre os chefes de cozinha, mas toda a equipa”, disse, recordando que o guia atribui prémios aos chefes de sala e escanções.
Por fim, o guia coloca “o foco no talento das pessoas”.
A ideia é que os jovens se sintam inspirados. “Os jovens estão dispostos a ser reconhecidos. Mas, mais do que isso, querem sentir-se realizados. Não é uma questão de dinheiro. Há muitos restaurantes que estão a abrir e são projetos de vida”, comentou.
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/chef-cozinhando-na-cozinha-vestindo-roupas-profissionais_138359655.htm#fromView=search&page=1&position=1&uuid=270a72d8-289c-499b-86ea-bd119636e579