A CEO do grupo Clara Resorts fala sobre as suas apostas para os novos resorts que serão construídos ao redor do maior museu a céu aberto do mundo
Conhecida no segmento de turismo e serviços há mais de 25 anos, a CEO e proprietária do grupo Clara Resorts, Taiza Krueder, aposta alto em duas novas propriedades que serão construídas ao redor do Instituto Inhotim, o maior museu a céu aberto do mundo, localizado em Brumadinho (MG).
Nos próximos seis anos serão investidos R$ 300 milhões para a construção de duas novas propriedades ao redor de Inhotim. Em entrevista realizada pela CNN, Taiza declarou que “normalmente as pessoas vão para os resorts Clara e ficam uma semana, então vou usar as mesmas estruturas e encantamento que já tenho nos outros hotéis lá em Inhotim, pois acredito que é um local que deve ser degustado aos poucos”.
A primeira fase do projeto
A estrutura de um dos hotéis já existia, mas estava parada desde 2014, até Taiza Krueder assumir o projeto, cuja primeira fase está prevista para ser aberta este ano no final de novembro. O novo resort de luxo em Inhotim vai contar com sauna, spa, dois restaurantes, 46 bangalôs, academia, brinquedoteca e espaço para eventos.
As apostas da CEO para o novo hotel em Inhotim é manter o estilo family chic dos resorts atuais do grupo hoteleiro. Todas as acomodações vão contar com banheiras esculpidas em pedra sabão, varanda com lareira, copinha do bebê, adega, sofá e cama de casal. O valor da diária com pensão completa deve iniciar em cerca de R$ 2 mil reais.
Novo resort em Inhotim até 2029
Além da primeira fase do projeto com 46 bangalôs entregues ainda esse ano, Taiza Krueder planeja uma expansão com mais de 60 acomodações que deve ser entregue até 2025. Parte do investimento será direcionado para a criação de um novo resort previsto para ser lançado em 2029, com 150 acomodações a 700 metros do museu.
“Brinco que o maior investidor de Inhotim não é a Vale, sou eu. Fazer uma coisa bem feita é caro. Temos uma operação muito saudável, não temos sócio, não temos investidor, então giramos com nossos próprios rendimentos de uma forma saudável e do tamanho das nossas pernas”, diz a empresária.
Taiza Krueder e o turismo nacional
Os turistas brasileiros com certeza já criam expectativas para as novas acomodações em Inhotim, mas e a parcela de viajantes estrangeiros? Para Taiza o turismo brasileiro ainda precisa de ajustes para receber essa parcela de visitantes.
“O que a gente tem que entender é que o Brasil é lindo, mas ele também tem que ser fácil. Tem que ser seguro, tem que ter uma imagem construída lá fora. Quem tem menos flexibiliza mais. Acho que temos que flexibilizar um pouco mais a entrada dos estrangeiros, melhorar a segurança e a estrutura para o turismo. Hoje em dia há um ‘custo-Brasil’ muito caro para o turismo”, aponta Taiza Krueder.
Para a CEO também é preciso flexibilizar as leis trabalhistas na área de serviços, além de ampliar o investimento em capacitação de profissionais. Segundo ela, 92% do seu time de Ibiúna trabalhava na roça antes de atender no resort. Para mudar esse cenário, o grupo Clara Resorts possui uma academia que oferece treinamentos e oferece um suporte de 50% para quem quiser se especializar em outras regiões.
Na visão de Taiza Krueder, os padrões de serviços devem melhorar, especialmente com a chegada de grandes grupos hoteleiros no Brasil, que devem investir R$ 5,7 bilhões no país até 2027. Mas a empresária traz um alerta. “Espero que tomem cuidado com destinos que viraram uma febre para que não sejam destruídos. Minha conversa com Inhotim é que vou ajudá-los em tudo que precisarem. Não adianta ter um hotel na frente do mar e deixá-lo poluído, por exemplo”.
O novo reforço da agenda ESG
Para a CEO sustentabilidade não é uma escolha é algo inerente aos seus projetos. Segundo estimativa do grupo de hotéis, 200 mil garrafas plásticas deixam de ser descartadas por ano, devido a implementação de filtros de água em todas as acomodações do Clara Resorts.
Um dos atrativos para os hóspedes do grupo está no contato direto com a natureza, as duas propriedades atuais são cercadas de 70% de mata. Há 10 anos, Taiza teve a ideia de trocar a plantação de cana-de-açúcar que existia no hotel de Dourado, por árvores de seringueiras em sistema de agrofloresta.
Sendo um importante reforço na agenda ESG nacional, a CEO criou em seus resorts a opção da taxa social, os hóspedes podem optar por doar R$ 24 reais que serão destinados a ONGs ambientais, APAE ou para o GRAACC. Segundo ela, apesar de opcional, 97% dos hóspedes optam por essa alternativa.
O futuro do grupo Clara Resorts
Em 2023 as propriedades do interior de São Paulo receberem uma injeção de R$ 150 milhões, investimento voltado para a ampliação das áreas dos resorts. Para o ano que vem, está prevista a criação de um salão de eventos no hotel de Dourado e um pequeno aumento no salão de Ibiúna, com salas voltadas para a criação de eventos premium.
O investimento anda paralelamente com o aumento de 21% em seu faturamento com eventos corporativos. “Tenho que atender um público multifacetado. É muito comum uma pessoa vir com um evento e retornar com a família e vice-versa. Tenho uma taxa de retorno alta dos dois públicos”, diz Taiza.
Quatro quartos estão na mira de Taiza Krueder, que tem como objetivo transformar essas habitações em suítes presidenciais com piscinas privativas. A primeira ala de quartos erguida em 2017 no resort de Ibiúna também deve passar por melhorias.
Além dos planos de expansão do grupo Taiza não exclui a possibilidade de construir um novo resort. À CNN, ela revelou que está em negociações com o Nordeste e que, inevitavelmente, podem acabar construindo um hotel na praia.