Atacarejos se rendem à internet mesmo que ainda de forma tímida, porém, é apontada por especialistas como uma tendência irreversível
Na onda do comércio varejista, o setor de atacado passa a entrar para a era digital. O motivo é levar os negócios para regiões mais distantes do país. Mesmo ainda de forma tímida, porém, é apontada por especialistas como uma tendência irreversível. Isso porque, com o fim da pandemia, as pessoas continuarão a comprar pela internet.
Atacarejos se rendem à internet
Os atacarejos se rendem à internet pelo fato do crescimento dos e-commerces no Brasil.
Além disso, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) acaba de criar um marketplace chamado AbasteceBem. Ele será um shopping virtual voltado à venda para empresas, e não para o consumidor final.
De acordo com Leonardo Severini, presidente da Abad, esta iniciativa veio de uma demanda por um marketplace pelos próprios atacadistas. Até o momento, sete atacadistas integram o AbasteceBem. Mas já existe 150 empresas interessadas.
Pesquisa da Nielsen
Segundo uma pesquisa da consultoria Nielsen para a Abad, o e-commerce entre atacadistas é algo novo. O estudo mostrou que em setembro passado 19,7% estavam em fase de construção desse canal. Já 31,9% estavam operando no e-commerce. E destes, apenas um terço estava em marketplaces.
Portanto, esta é uma realidade que precisa mudar. Em agosto, o Atacarejo Raiz ingressou no Mercado Livre. A companhia integra o grupo Lopes, de Guarulhos (SP), que possui 29 lojas de supermercados e três atacarejos. Contudo, a empresa enxergou a possibilidade de atingir os 70 milhões de clientes ativos do gigante da internet.
Para o diretor-presidente do Lopes Supermercados, José Osvaldo Leivas, a plataforma de vendas é muito forte, além de ter um potencial de negócio fantástico.
Grande atrativo
O baixo custo de acesso ao marketplace é o grande atrativo, afirma o consultor técnico do projeto da Abad, German Quiroga:
“É óbvio que a loja física continua super-relevante, mas o consumidor mudou. Temos de pensar numa forma mais inteligente e barata para atender os clientes.”
Como funciona
Cada atacadista administra suas entregas ou as mercadorias vendidas podem ser retiradas pelos clientes nas lojas. O intuito é conquistar em três anos o marketplace consolidado, estima o presidente da associação.
No caso dos estoques do Raiz, eles se concentram nos centros de distribuição do Mercado Livre pelo país. Portanto, isso garante a realização da entrega em até dois dias, revela Leivas.
“Se o cliente compra da indústria ou de outro distribuidor, demora de cinco a seis dias para receber o produto.”
E uma parte do custo do frete é subsidiada pelo atacarejo e a outra, pelo consumidor.
E não param por aí, o Raiz atualmente negocia a entrada do atacarejo em um segundo marketplace, além de ter o próprio site em 2022, e também manter a presença nas plataformas de entrega rápida.
Atacarejos menores
Em contrapartida, os atacarejos e atacadistas menores avançam agora no online. Enquanto isso, os gigantes do atacarejo caminham em ritmo lento. Prova disso é que o Assaí, do grupo francês Casino (também dono do GPA), não possui e-commerce próprio nem marca presença em marketplaces. Entretanto, o atacarejo possui um projeto ousado de abertura de lojas físicas.
Em setembro, a empresa fechou parceria com o aplicativo de entregas Cornershop by Uber. O Assaí afirma que, por enquanto, a melhor estratégia para atender bem seu cliente é utilizar aplicativos de última milha (“last mile”). Além disso, ela pretende fechar acordos com outros apps desse segmento nos próximos meses.
Estratégia do Atacadão
Há um ano, o Atacadão (pertencente ao Carrefour), concorrente direto, adquiriu a CotaBest. Ela é uma startup referência no mercado de atacado online. Sendo assim, o Atacadão montou um marketplace onde estão presentes 300 vendedores parceiros. A companhia informa ainda que os clientes desse marketplace são outras empresas, e não o consumidor final. Ela ainda firmou parcerias com apps de entrega, como Rappi e Cornershop.
Porém, para Quiroga, da Abad, tanto o Assaí quanto o Atacadão “estão mais atrasados na digitalização, estão entrando de forma mais experimental”.
O consultor ressaltou também que essas redes de atacarejo possuem uma posição muito interessante no mercado com lojas tradicionais. E por este motivo preferem explorar outros canais de vendas somente quando alcançam uma posição consolidada no varejo físico.
*Foto: Reprodução