Transformação digital das empresas brasileiras foi o correspondente ao esperado para o período de um a quatro anos, revela pesquisa da FGV
Em 2021, foi notório o avanço do investimento das empresas em tecnologias da informação (TI) no Brasil. É o que mostra a 33ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, divulgada na última quinta-feira (26) pelo Centro de Tecnologia da Informação Aplicada (FGVCia) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP). Segundo o levantamento, essa antecipação do processo de transformação digital foi o correspondente ao esperado para o período de um a quatro anos.
Transformação digital das empresas brasileiras
Além disso, um dado que também chamou atenção é o avanço dos dispositivos digitais em uso no país. É o caso de computadores, notebooks, tablets e celulares, que somados já ultrapassam a marca de 447 milhões de unidades. Em termos de dados de economia, isso representa que são mais de dois dispositivos por habitante. E parte do princípio que estes celulares inteligentes assumem um papel predominante em utilização para transações bancárias, compras e redes sociais.
A pesquisa revela também que o número de smartphones no Brasil supera a marca de um por habitante. São 242 milhões de aparelhos em uso no país. Somados aos notebooks e tablets, são 352 milhões de dispositivos portáteis, ou 1,6 por habitante. Sendo assim, o país pode atingir o feito de um computador (desktop, notebook e tablet) por habitante no início de 2023. As vendas em 2021 tiveram um crescimento de 27%, alcançando 14 milhões de unidades.
De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Fernando Meirelles:
“Trabalhar, estudar de forma híbrida ou blended continuará a aumentar o uso e a venda de dispositivos digitais? A tendência é que sim. Em 2022 estima-se um crescimento perto de 10%. Acreditamos que o isolamento, ensino e o trabalho a distância da pandemia vão deixar marcas permanentes na forma com que transacionamos, vivemos e enxergamos a TI e deverá resultar em um modelo que combina o presencial com o remoto (blended e não híbrido) em uma solução que integra e potencializa as capacidades humanas com as digitais.”
Custos com TI nas empresas
Por outro lado, o uso, custos e investimentos em TI nas empresas corresponde a 8,7% da receita e seguem crescendo. Tal ampliação foi mais notável entre 2021 e neste ano, em aspectos como valor, maturidade e importância para os negócios já existentes e para viabilizar novos modelos de negócios, ressalta Meirelles.
“Pode-se comprovar que quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse Índice. Nos últimos 34 anos, ele cresceu 6% ao ano, passando de 1,3% em 1988 para 8,7% em 2021/22. Mesmo assim, existe muito espaço para crescer e chegar nos níveis dos países mais desenvolvidos.”
O papel das fabricantes
Contudo, o levantamento aponta a participação no mercado dos fabricantes de 26 categorias de software. A Microsoft segue à frente deste nicho em várias categorias para o usuário final, algumas chegam a mais de 90% do uso. Já os sistemas integrados de gestão (ERP) da TOTVS e da SAP possuem 33% do mercado cada, Oracle 11% e outros 23%. Porém, a TOTVS lidera nas menores e a SAP nas maiores empresas.
Sobre isso, o coordenador do FGVcia pondera:
“As novas tecnologias provocam a necessidade de integrar cada vez mais o físico com o digital e demandam a implementação de novos processos integrados internamente, externamente e principalmente com o ecossistema da empresa. Assim sendo, o “novo” ERP continua a ser o coração da transformação digital.”
Outros destaques da pesquisa
Por fim, outros dois temas foram destaque desta edição. Trata-se dos projetos prioritários de TI como instrumento para o apoio, e implementação de ESG – Environment, Social and Governance. Mas, em paralelo, cresceu a dificuldade na busca e na retenção de talentos de TI, uma vez que a oferta de mão de obra nesta área está mais defasada da demanda nacional e mundial.
*Foto: Reprodução